Marquês de Sade
A Filosofia na Alcova
Lisboa: Afrodite, 1966, 215 pag.
Coleção Afrodite
Tradução Hélder Henrique
Prefácios de David Mourão-Ferreira e Luís Pacheco
Ilustrações e capa de João Rodrigues
Editor Fernando Ribeiro de Mello
"1966, Lisboa. Salazar contra o Marquês de Sade em tribunal. Réus: uma mão cheia de colaboradores da primeira edição portuguesa de "A Filosofia na Alcova". Resultado: quatro condenações inapeláveis e um suicídio do pintor João Rodrigues. Meio século após o termo do primeiro processo por “abuso de liberdade de imprensa” movido e levado a cabo contra um editor pela publicação de um livro durante o Estado Novo, este volume procura, ao mesmo tempo, lembrar e contar essa acção judicial, e recuperar o texto de Aníbal Fernandes, o único que, passados mais de vinte anos, recordou o processo e o julgamento, numa altura em que o editor Fernando Ribeiro de Mello e as edições Afrodite estavam já quase completamente esquecidos. De Paris — onde Jean-Jacques Pauvert publicara em 1953 a edição de "La Philosophie Dans le Boudoir" de Sade cujo exemplar guardado em casa do pintor Cruzeiro Seixas chegará, 12 anos depois, às mãos do incipiente editor Ribeiro de Mello — a Bissau — onde em 1970 arderão os últimos exemplares que tinham escapado à punição do fogo pelas autoridades portuguesas — esta história passa ainda por Luanda (onde se congemina uma raríssima homenagem ao divino marquês nas páginas do suplemento literário do diário ABC) antes de se desenrolar em Lisboa entre o Verão de 1966 e o Inverno de 1967, no ritmo irregular desse tribunal "sui generis" que era o Plenário da Boa Hora." cit de Wook
AVISO
AOS EX.mos LIVREIROS
Tratando-se de uma obra cujo
significado cultural só pode ser
devidamente apreendido por pes-
soas de sólida e amadurecida for-
mação, roga-se aos Exmos Livreiros
o maior cuidado na venda deste
livro, de modo que ela seja rigoro-
samente interdita a menores.
E
mais se pede: que igualmente trans-
mitam esta recomendação a todas
as pessoas que adquiram a obra.
O EDITOR
seguido de
Marquês de Sade
Donatien Alphonse François de Sade
A Filosofia na Alcova
seguido de Posfácio A 1ª Edição portuguesa ou Sade e o Tribunal Plenário de Lisboa
Lisboa: Afrodite, [1975], 396 pag.
Coleção Afrodite
Tradução Manuel João Gomes
Ilustrações e capa de Martin Avillez
Editor Fernando Ribeiro de Mello
Aníbal Fernandes
Pedro Piedade Marques
Portugal em Sade / Sade em Portugal
Seguido de O "Affaire Sade" de Lisboa
Lisboa: Montag, Novembro MMXVII, 236 p.
Ilustrado
Valorizado pela assinatura do autor
"Certo é, porém, que o processo (junto ao que ainda corria contra a 'Antologia') deu a esses réus um prestígio inegável entre o meio oposicionista, em particular a Pacheco e a Ribeiro de Mello. Mais tarde, numa entrada de diário, aquele reconhecerá que ambos os processos 'iriam pôr-me, à vista do público, como escriba muito mais perseguido e causticado que os tipinhos da tertúlia [de José Gomes Ferreira] (…) afinal, era o maluco do editor dos surrealistas que se mostrava perigoso para o regime'. Como seria de esperar, à tertúlia de café que juntava José Gomes Ferreira, Carlos de Oliveira, Alexandre Pinheiro Torres, Augusto Abelaira, João José Cochofel e outros, o caso Sade não escapará como assunto, mas não será Pacheco o alvo e sim Herberto, como se lê na entrada de 20 de Julho de 1968 do diário então secreto do poeta: 'corre que a atitude de Herberto Helder, durante o julgamento por abuso de liberdade de imprensa do editor de um livro de Sade, não foi irrepreensível', ao que, aos olhos de Gomes Ferreira, se juntava a grave recusa de Herberto em assinar um 'débil protesto contra a dissolução da Sociedade Portuguesa de Escritores (…) para não perder o emprego na Emissora — diz-se para aí nos cafés' (ou seja, o mesmo motivo que poderá ter levado Herberto a recusar-se a fazer e a assinar a tradução do Sade)."
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