Stuart e os seus bonecos
Lisboa
SPECIL
Edição Armando Pauloro
[s.d., 1962]
1º edição
Prefácio Aquilino Ribeiro
Coleção: Bom humor de algibeira, 8
17 x12 cm
176+2
ilustrado
"Malempregado Stuart! Num meio sem carácter, com diminutíssima cultura, sem um estratificado social apreciador da beleza artística, não podia encontrar, já não digo galardão, mas incentivo condigno, o seu lápis tão singular, filho de uma genialidade nata. Dir-me-ão que esteve em Paris e não lançou raízes. É certo. Mas por um ou outro jornal, o Rire, o Sourire, aAssiette au beurre, deixou espalhadas algumas centelhas da sua verve maravilhosa. Não perdurou ali, porquê? Não é difícil explicar o malogro, se malogro é, à face da sua psique, pessoa aparentemente humilde e dotada de uma altivez ibérica indomável, dominada por um certo não-te-rales de temperamento que apenas se prevalece da escudela e da tarimba, possuída de enjoo manifesto pela cortesania: "o tenha a bondade... faz-me um grande favor"... tudo uma forma ralaça de ser lusitano à beira dostruggle-for-life que campeia na Europa para lá dos Pirinéus. Mas o lugar dele era lá, na fileira dos Gavarni, Caran d'Ache, Daumier, Forain, Leal da Câmara. Como eles, superava no poder de observação com aquele seu olhinho azul, meio de felino, meio de dentirrostro, depois na arte de traduzi-la em linhas e dar-lhe uma legenda. Esta era como uma lançada – a estocada do diestro orlada de sangue vivo – num facto, numa anedota, num homem ou grupo de homens, borra-botas ou de alto coturno. A legenda, para esses, era como um relâmpago a iluminar a montanha do Sinai. Era um segredo do ofício; negócio de Hermes e do Espírito Santo; as suas aplicações ao quotidiano, um dos grandes dons de Stuart ."
Aquilino Ribeiro (1885-1963), prefácio ao livro póstumo Stuart e os Seus Bonecos (1962).
Uma beleza a sua venda... :)
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