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sábado, 15 de dezembro de 2012

Antologia Poética - Miguel Torga - 1999


A
ntologia Poética
Miguel Torga
5ª edição ( Organizada pelo próprio autor tendo como base o texto da 4ª edição)
Prefácio justificativo do próprio autor
(1ª edição de 1991)
Col. Autores de Língua Portuguesa
Publicações D. Quixote
Lisboa
Capa Alberto Henrique Cayatte



Inclui os poemas de:
O Senhor Ventura - Vindima - A criação do Mundo - Contos - Teatro Completo - Diários I e II - Ensaios



Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, nasceu em 1907 em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, Trás-os-Montes, e faleceu em 17 de Janeiro de 1995 em Coimbra. Emigrou para o Brasil ainda jovem e, quando regressou em 1925, matriculou-se na Universidade de Coimbra onde se formou em Medicina. Esteve de início literariamente próximo do grupo da Presença, sediado em Coimbra. Por volta de 1930, estava já afastado do grupo, fundando a revista Sinal. Funda pouco depois a revista Manifesto. Começou a ser conhecido como poeta, tendo mais tarde ganho notoriedade com os seus contos ruralistas e os seus dezasseis volumes de Diário, estes publicados entre 1941-1995. Várias vezes nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, tornou-se um dos mais conhecidos autores portugueses do século XX.

Obras:
POESIA: Ansiedade (1928), Rampa (1930), Tributo (1931), Abismo (1932), O outro Livro de Job (1936), Lamentações (1943), Libertação(1944), Odes (1946),Nihil Sibi (1948), Cântico do Homem (1950), Alguns Poemas Ibéricos (1952), Penas do Purgatório (1954), Orfeu Rebelde (1958), Câmara Ardente (1962),Poemas Ibéricos (1965).

FICÇÃO: Pão Ázimo (1931), A Terceira Voz (1934), A Criação do Mundo (5 volumes, 1937-1938-1939- 1974-1980), Os Bichos (contos, 1940),Contos da Montanha (1941), Rua (1942), O Senhor Ventura (1943), Novos Contos da Montanha (1944), Vindima (romance, 1945), Pedras Lavradas (contos, 1951).

LITERATURA AUTOBIOGRÁFICA: Diário (16 volumes, 1941-1995), Portugal (1950).
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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O Muro. Jean-Paul Sartre - Prémio Nobel 1964

O Muro 
Jean-Paul Sartre
Bibliotex Editora 
2003 
Coleção DN Prémio Nobel 1964 
(...prémio que recusou receber
160p



O Muro 
(cit.de http://sexto-empirico.blogspot.pt/2009/03/o-muro-jean-paul-sartre.html)

Sem nada para fazer, de modo totalmente arbitrário, pus-me a ler a novela “ O Muro” de Jean-Paul Sartre. Novela esta, presente numa ousada compilação de novelas intitulada “5 Obras-Primas da Novela Contemporânea”, que, a par de Sartre revelam os talentos novelísticos de autores como Thomas Mann, John Steinbeck, Panait Istrati e D.H. Lawrence, e isto tudo, numa 2ª edição de 1964 pela velha, Portugália Editora.
Como sugere o próprio título à algo que constrange Steinbock, Ibbieta e Mirbal. Um muro ao qual nenhum dos três está preparado a enfrentar, um muro que não sendo somente um muro é a base substancial da compreensão do que é a vida, melhor, do que é a vida sempre sob a intransigência do muro, isto é, da morte.

Tom Steinbock, Pablo Ibbieta e Juan Mirbal, por suspeitas de agressão contra os falangistas, estão detidos na cave de um hospital semi-destruído pela guerra civil, a 24 horas de serem fuzilados. Por vontade do comandante, um médico belga é incumbido de passar a noite com os prisioneiros, com o intento de registar num bloco de notas o comportamento dos encarcerados. Têm direito a um padre, a quem pretenda por uma última vez ajustar contas com o divino, mas a resposta dos três ao comandante é consentida por um frio silêncio. Deus não serve! Juan, o mais novo entre os prisioneiros, chora, grita e treme desoladamente, sabe o que lhe vai suceder mas não sabe ainda como reagir a esse facto – como se à morte houvesse reacção possível! Tom, o irlandês, sem erguer as mãos para cima, contempla os objectos à sua volta; o banco em que está sentado, ao canto o amontoado sujo de carvão, o pequeno buraco do lado esquerdo do tecto, os seus próprios companheiros, enfim, coisas que agora Tom sente como ausentes de qualquer sentido. Por último, Pablo, sem mais em que pensar, reavalia toda a sua vida e repara sem não com um triste pesar, que esta não passara de “um todo o tempo a abrir caminhos para a eternidade sem atingir coisa alguma”, uma “grande ilusão”, um fardo que ainda que pesado deixa de ter qualquer peso só pela momentnea – forçada ou não pela contingência - consciência da sua vanidade, apreendida numa situação-limite ou num pensamento mais aplicado. A amante Concha, à qual “ainda na véspera cortaria um braço para a tornar a ver durante cinco minutos”, “aqueles dois sujeitos agaloados, com seus chicotes e botas altas”, o “bigode do falangista”, o “rato debaixo dos seus pés”, enfim, tudo coisas agora sem qualquer importância face a alguém que vai morrer. Nem mesmo a “causa”, a grande causa Espanha, pela qual lutou, pela qual fugiu e pela qual aguarda agora o seu julgamento, o fazem despertar da vigília mais atroz: o não-sentido da vida, sem “causas” para lutar nem objectos para se apegar, apenas um muro e, nada mais.

O riso inevitavelmente acaba por ser a chave desta novela em formato “tragédia absurda”, e talvez subintitular assim este drama - tragédia absurda - possa parecer um pouco ousado devido ao paradoxo que esta designação intrinsecamente acarreta. Uma tragédia embora represente um gradual esvaimento de sentido devido a precisas situações à qual os protagonistas reagem de certa maneira, à qual escolhem, - a demais das vezes sem que suas escolhas reflictam o estado geral da situação, mas a sua própria situação -, ainda assim, mesmo dentro de uma tragédia as coisas acontecem e os heróis fazem-se consoante o seu plano, projectam-se edão-se, conforme o seu entendimento face às coisas, e estabelecem aí o seu contacto con-sentido com estas. Mas o absurdo é a perda total de qualquer contacto com as coisas, é a negação substancial ao apelo do ente, e a persistência neste estado (reflectido na angústia), só pode ter por paralelo o choro (atente-se à tragédia shakespeariana “Hamlet”) ou o riso, que é o que sucede com Pablo Ibbieta nesta novela, que, se já se ria ao colocar a sua vida na balança, no acto desesperado de saber se valeu ou não a pena, não se apercebe que a vida é sempre o que é, na ampla rudeza do termo é, que não permiti outro predicado senão, ser, sem mais nem menos.
Nesta nova consciência, podemos alcançar a nietzschiana "criança que brinca" que se ri e cria ao seu bel-prazer sem que lhe interessem os motivos transcendentes, a moral, a ciência, a polícia, os rituais, a missa ao Domingo, as namoradas e os namorados, o olhar inquisidor do pai, enfim, todas essas coisas que gostamos de tornar sagradas e prestar o devido culto, mas que, senão morrermos nós primeiro, morrerão elas, e o que resta afinal, é o nada. O riso é senão uma forma transcendente de reagirmos contra esse nada, presente apenas em raras e subtis consciências.

A obra colmata com a seguinte paródia de Ibbieta: “Tudo rodopiou à minha volta e achei-me sentado no chão: ria tanto que me vieram lágrimas aos olhos”. Pablo Ibbieta não fora condenado porque, ainda que lavando as suas mãos fronte ao seu destino, fora o próprio destino que se encarregara de o salvar do sibilar das balas. Tudo aquilo, ao fim ao cabo, fora inútil, as suas reflexões sobre a sua vida, o interrogatório dos oficiais, o rato por entre os seus pés, a sua prisão impulsionada pela "causa", ele mesmo - enquanto protagonista da sua própria tragédia - tornara-se inútil e tinha plena consciência disso. Afinal, o muro abrira-se sem o mínimo empenho do seu martelo...

Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de Junho de 1905 — Paris, 15 de Abril de 1980) foi um filósofo, escritor e críticofrancês, conhecido como representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra.
Repeliu as distinções e as funções oficiais e, por estes motivos, se recusou a receber o Nobel de Literatura de 1964. Sua filosofia dizia que no caso humano (e só no caso humano) a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" posterior à existência.

( cit de wikipedia )
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A porta estreita André Gide 2003 Prémio Nobel 1947

A porta estreita
André Gide
Bibliotex Editora
2003
Coleção DN Prémio Nobel 1947
125p


A porta estreita (em francês La porte étroite) é uma novela francesa escrita por André Gide e publicada em 1909. É uma história bastante triste e comovedora que explora as complexidades e terrores da adolescência e crescimento. Baseada na interpretação Freudiana, a história usa a influencia das experiencias da infância e dos mal entendidos que podem surgir entre duas pessoa.

A história se passa numa cidade costeira do norte da França. Jerome e Alissa, quando com 10-11 anos, concordam implicitamente com uma afeição infindável um para com o outro. Entretanto, reagindo às infidelidades de sua mãe e a uma intensa impressão religiosa, Alissa desenvolve uma rejeição pelo amor humano. Apesar disso, ela fica feliz de poder compartilhar as discussões intelectuais de Jerome e o mantêm prisioneiro de suas afeições.
Jerome falha em não identificar o amor real da irmã de Alissa, Juliette, que acaba com um casamento pouco satisfatório com outra pessoa. Jerome acredita que possui um acordo de casamento com Alissa, mas ela gradualmente se afasta, tornando-se cada vez mais intensamente religiosa, rejeita a Jerome e recusa-se a vê-lo. Por fim ela morre de uma doença não identificada que é praticamente auto-imposta.

(cit. de wikipedia)



André Paul Guillaume Gide (Paris, 22 de novembro de 1869 — Paris, 19 de Fevereiro de 1951) foi um escritor francês.


Recebeu o Nobel de Literatura de 1947. Oriundo de uma família da alta burguesia, foi o fundador da Editora Gallimard e da revistaNouvelle Revue Française. Gide não somente era homossexual assumido, como também falava abertamente em favor dos direitos dos homossexuais, tendo escrito e publicado, entre 1910 e 1924, um livro destinado a combater os preconceitos homofóbicos da sociedade de seu tempo, Corydon.



Liberdade e libertação recusando restrições morais e puritanas, a sua obra articula-se ao redor da busca permanente da honestidade intelectual: como ser igual a si mesmo, ao ponto de assumir a sua pederastia e a sua homossexualidade. Entre as suas obras mais importantes estão Os Frutos da Terra, a já mencionada Corydon, A Sinfonia Pastoral, O Imoralista e Os Moedeiros Falsos.


(cit wikipedia)

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Diário Vols. I e II - Miguel Torga


Diário
Vols I e II ( 1932-1941) e (1941-1943)
Miguel Torga
Planeta Agostini
2003
CAPA CARTONADA
241 PÁGINAS


José de Melo na obra Miguel Torga: A Obra e o Homem (Lisboa, Arcádia, sem data) escreveu:
Miguel Torga abala para o Brasil em 1920, aos treze anos pois. Sua puberdade decorre em Minas Gerais, numa fazenda — a Fazenda de Santa Cruz — onde um irmão do pai lhe ministra alguns conhecimentos e a esposa deste o humilha, movida pela desconfiança de vir Miguel Torga a ser o herdeiro do tio, em prejuízo dos filhos do primeiro matrimónio dela. Atrás das vacas, guardando os porcos da fazenda, acarretando água, fazendo recados, pode-se dizer que tem uma sorte madrasta. Um dia o tio descobre que sua mulher maltrata Miguel Torga e para o afastar dela, manda-o estudar, para o ginásio de Leopoldina. Estamos em 1924. No ano seguinte, Miguel Torga volta para Portugal.
No Diário não encontrei qualquer referência negativa àqueles anos da adolescência. Encontrei, sim, no ano de 1957, escrito em Coimbra, o poema que transcrevo abaixo:
Brasil

Pátria de emigração, 
É num poema que te posso ter...
A terra — possessiva inspiração:
E os rios — como versos a correr.
Achada na longínqua meninice,
Perdida na perdida juventude,
Guardei-te como pude
Onde podia: 
Na doce quietude
Da força represada da poesia. 
E assim consigo ver-te
Como te sinto:
Na doirada moldura da lembrança,
O retrato da pura imensidade
A que dei a possível semelhança
Com a palavra e rimas e saudade.
Nos diários que vão de 3 de Janeiro de 1932 a 24 de Dezembro de 1990, Torga dedica dezassete poemas ao Natal.





O primeiro vem com o nome de "Dia Santo" e está no Diário I, escrito em S. Martinho de Anta no Natal de 1940. O poeta relata o quão está sensível ao mal que anda pelo mundo e com um pouco de ironia escreve: "Mas, com Deus no Marão sem neve, não há mal que resista". Em Coimbra, ano de 1942, Torga escreve um diálogo com o Velho-Menino Deus e a lamentar as dores que carrega consigo, as ilusões perdidas e a esperança que o Menino venha ao seu encontro "se queres vir... mas o brinquedo... quebra-o no caminho". Aos biógrafos de Torga cabe perguntar se naquele ano ele teve alguma perda. 

O Natal de 1948, em S. Martinho é um poema que o aproxima da estrebaria e da grande pena que sente pelo frio que o Menino deveria sentir pois escreve: "Devia ser neve humana / a que caía no mundo... Um frio que nos pedia Calor irmão, nem que fosse de bichos de estrebaria." Os Natais de Torga são sempre contemplados com diferentes momentos existenciais da sua vida e este dilema de não acreditar e acreditar. Em 1990 escreveu "Último Natal", pressentindo, certamente, a morte que se aproxima, mas que só chegaria a 17 de Janeiro de 1995. O Diário foi escrito até 10 de Dezembro de 1993 com o seu "Requiem por mim".

"Último Natal" mostra Torga dialogando diretamente com o Menino Jesus que nasce "quando morro". O lamento é grande, imenso por não escrever "o poema que te devo" concluindo que "És divino, e eu sou humano. Não há poesia em mim que te mereça." No Diário, deixou-nos confissões, críticas à sua época e sua gente e muita sensibilidade, beleza e integridade. Discordo do que escreveu em Gerês a 7 de Agosto de 1950: "o poeta?! Não diga mal de um desgraçado que espera tudo das palavras, e nada da vida." Torga, como poeta, conseguiu, como os grandes poetas, com suas palavras, dar vida ao espírito daqueles que têm até hoje o privilégio de lê-lo. É preciso mais?


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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Poesia III José Gomes Ferreira 1971


Poesia III
José Gomes Ferreira
1971
Círculo de Leitores
Lisboa
(240 + V p.)



(1ª Edição de 1961 na Portugália Editora)


Começou na poesia em 1918 com Lírios do Monte, reapareceu na Presença em 1931 com o poema Viver sempre também cansa, começando aí a mostrar-se o "poeta militante" que será dentro do Novo Cancioneiro.

Iniciando-se, de acordo com a História da literatura portuguesa de António José Barreiros, com um "ténue odor a romantismo saudosista", aproxima-se a partir do 1948 do neo-realismo e mais tarde do existencialismo.

No livro Poesia III de 1961, surge como "o poeta militante da poesia completa: com gritos, protestos, raivas, angústias, lirismo e amor". A sua poesia influencia toda a geração de 60 e 70 em Portugal pela sua assunção da responsabilidade "dos fracassos e iniquidades sociais, comprometendo-se com a sua denúncia e extirpação".




Bom estado. manchas de humidade no miolo e descoloração na lombada e contracapa. Capa protegida por sobrecapa de película plástica transparente. 

Assinatura de posse no rosto e verso da contracapa



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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

D. Giovanni ou o Dissoluto absolvido, José Saramago,1 ª edição 2005


Don Giovanni

ou

O dissoluto absolvido

Teatro

JOSÉ SARAMAGO

Caminho

O Campo da Palavra

1ª edição

2005

135 p


Inclui o texto do programa do Teatro Alla Scala relativo à apresentação da ópera

Entrevista exclusiva com o escritor José Saramago à Revista brasileira Época, aquando da edição da obra no Brasil pela Editora Campo ads Letras.

José Saramago fala de seu novo livro, Don Giovanni, e de sua paixão pela ópera



ROMANCE É REFLEXÃO
LUIS ANTÔNIO GIRON
aquando  do lançamento da edição brasileira


O maior escritor da língua portuguesa, José Saramago, de 75 anos, Prémio Nobel de Literatura de 1998, acaba de lançaro livro Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido. Na realidade, é uma peça de teatro, uma comédia, pensada para virar libreto em italiano de uma ópera. A parceria com o compositor italiano Azio Corghi já resultou numa ópera, que deveria ter sido estreada no teatro alla Scala de Milão em março, mas uma greve adiou a estréia para data indeterminada.

No sua comédia, Saramago retoma o mito de Don Juan e homenageia o compositor da ópera homônima de Wolfgang Amadeus Mozart com libreto de Lorenzo da Ponte, estreada em Praga em 1787. Apaixonado pela ópera de Mozart, Saramago resolve absolver o conquistador impenitente, numa seqüência de três atos hilariantes.
Nesta entrevista à ÉPOCA, feita por email, José Saramago conta sobre seus gostos musicais, o que pensa da dramaturgia operística e adianta o seu novo romance, que tem como personagem um violoncelista.

ÉPOCA - Como o senhor distingue o trabalho de dramaturgia ''declamada'' da dramaturgia para ópera?
José Saramago - Consideremos o caso de Lorenzo da Ponte, libretista, como se sabe, da ópera Don Giovanni de Mozart. Nessa época o libretista tinha de escrever para a música porque, de um modo geral, a música preexistia ao texto, quer dizer, a música primeiro e só depois o texto. Composta uma ária, mandava-se ao libretista, e este, que sabia música, escrevia as palavras necessárias, seguindo, claro está, a linha argumental antes estabelecida. Hoje as coisas são diferentes. Tanto assim que eu pude escrever o meu Don Giovanni como se ele se destinasse a teatro declamado, e não a ópera. Estava a escrever para uma ópera, é certo, mas não tinha que subordinar o texto a uma música que, aliás, nesse momento, ainda estava por compor.

ÉPOCA - Os outros trabalhos com o compositor italiano Azio Corghi foram mais adaptações de romances do que peças propriamente ditas?
Saramago - No caso de Memorial do Convento, sim, mas a ópera Divara, também de Azio Corghi, foi composta sobre a minha peça de teatro In nomine dei, para esse fim escrita. A transformação do texto teatral em libreto esteve praticamente, toda ela, a cargo de Corghi, apenas com reduzidas intervenções minhas.

ÉPOCA - Que particularides houve nesta troca de emails e cartas com Corghi para Don Giovanni? Foi um trabalho mais árduo ou imaginativo que os anteriores?
Saramago - Árduo não direi, mas imaginativo, com certeza. O excelente comentário da musicóloga italiana Graziella Seminara, publicado em apêndice à edição de Don Giovanni ou o Dissoluto absolvido, mostra foi como vivo e mutuamente estimulante o diálogo entre o músico e o escritor. Cada um em sua casa, com dois mil quilômetros a separar-nos, pudemos trabalhar como se estivéssemos lado a lado.

ÉPOCA - O sr. concorda com Joseph Kerman, que afirma ser o compositor o dramaturgo final da ópera?
Saramago - Não me sinto com autoridade para discutir o assunto, em todo caso atrevo-me a dizer que a minha experiência de espectador me sugere exatamente o contrário. Lembro-me de ter visto em Berlim um Rigoletto cuja encenação e cuja dramaturgia eram a tal ponto radicais, a tal ponto subversivas, que me resultou extremamente difícil seguir uma música que eu conhecia de cor e salteado. O que os olhos viam quase anulava o que os ouvidos se esforçavam por escutar.

ÉPOCA - Como o sr. julga a dramaturgia operística de Lorenzo da Ponte? Foi desafiador retomar a parte final do Don Giovanni de Da Ponte para seguir o seu dramma gioccoso? Aliás, podemos chamar a sua peça de 'dramma giocoso' ou de 'bufoneria' pura e simples? Porque há passagens realmenre hilariantes...
Saramago - Recordo que o Don Giovanni de Mozart foi chamado ópera cômica e ainda hoje conserva essa designação, embora ela possa parecer algo estranha a um espectador contemporâneo. O que Mozart conseguiu, com suprema mestria, foi equilibrar a ópera bufa, que é a base da sua estrutura musical, e a ópera séria, imposta pelo carácter das suas personagens. Por minha parte, uma vez que o meu propósito era desmistificar toda a história de Don Giovanni, mas não só a dele, o caminho estava traçado de antemão: humor, ironia, mas sobretudo sarcasmo. Aquele que sai menos mal parado ainda é o próprio Don Giovanni.

ÉPOCA - O sr. chegou a estudar Tirso de Molina, José Zorrilla e outros para compor a sua peça? A impressão é que Da Ponte constituiu a única fonte...
Saramago - Nunca foi minha intenção fazer uma espécie de arqueologia textual passeando por todos os autores que trataram o tema desde Tirso de Molina. O meu Don Giovanni começa onde acaba o de Lorenzo da Ponte, é de alguma maneira complementar dele. E a pergunta que constitui o ponto de partida da peça dos meus romances - 'E se a Península Ibérica se separasse de Europa? E se a caverna de Platão estivesse debaixo de um centro comercial?' - também se encontra nesta peça: 'E se Don Giovanni não tivesse caído no inferno?'. Feita a pergunta, a pergunta essencial, as conclusões surgem quase de forma espontânea.

ÉPOCA - O sr. já ouviu a música de Azio Corghi para Don Giovanni? Quando estreará a montagem do La Scala? É mesmo mais para Falstaff do que para o serialismo a que Corghi vinha se dedicando ultimamente?
Saramago - Ainda não ouvi a música de Corghi. A estreia da ópera estava marcada para o dia 10 de março, mas uma greve da orquestra levou ao cancelamento do espectáculo. Espero que o assunto venha a resolver-se e que possamos ver e ouvir um Don Giovanni que não é tão má pessoa como costumam pintá-lo. Não é a primeira vez que isto nos sucede, a Azio Corghi e a mim. A ópera Blimunda também foi cancelada em Lisboa no dia que devia ser o da sua estreia. Parece que os músicos fazem mais greves que os operários...

ÉPOCA - Don Giovanni, chamada por muitos de "a ópera das óperas", é a sua favorita também? Ou há outras óperas que o inspiram de certo modo?
Saramago - Don Giovanni é, para mim, como para muita gente, a ópera suprema, a tal ponto que gostaria que o meu texto fosse visto como uma homenagem a Mozart. E tenho a pretensão de crer que ele não desgostaria de saber que Don Giovanni continuou vivo depois da estúpida maldição do Comendador.

ÉPOCA - Qual a sua ligação com a música? Gosta de ouvir clássicos, jazz, popular portuguesa e brasileira?
Saramago - Gosto de música, ouço-a continuamente. Os clássicos, claro, mas também cantores como Jacques Brel - ouça-se ''Les Vieux'' ou ''J'Arrive'' - ou Leonard Cohen, e muitíssimos mais que não caberiam nesta entrevista. Gosto da boa música popular brasileira e portuguesa, e tenho uma boa colecção de discos de uma e de outra. O jazz interessa-me menos, mas a culpa é com certeza minha...

ÉPOCA - O que o sr. escreve no momento? Mais uma ficção? Quais as suas obsessões ficcionais no momento? O que ainda o desafia ou o encanta? 
Saramago -
 Estou a escrever um romance que terá o título de As Intermitências da Morte. Dele nada direi, a não ser que há um violoncelista metido na história. Como tenho dito algumas vezes, utilizo o romance como veículo para a reflexão. Reflexão sobre quê? Sobre a vida, sobre isto.

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Chiquinho - Baltazar Lopes. 1ª Edição do Círculo de Leitores, 1972


Chiquinho
Baltazar Lopes
CÍRCULO DE LEITORES
1º EDIÇÃO
1972
CAPA CARTONADA
231p. PÁGINAS


A obra de ficção Chiquinho, lançada em 1947, é considerada um livro de referência na literatura cabo-verdiana e uma das grande obras lusófonas. Na construção (e formação) do personagem, "Chiquinho", - através do relato do seu per-curso de vida, tramas e dramas pessoais e exteriores e a tão presente emigração - retrata-se a realidade de Cabo Verde.
Realismo em tom poético, desfia paisagens, gentes e costumes, a solidão e a saudade que fazem o arquipélago.

Ao longo da sua vida literária, Baltasar Lopes publicou ainda novelas, contos, e também vários poemas sob o pseudónimo de Osvaldo Alcântara.
O escritor organizou ainda uma Antologia da Ficção Cabo-Verdiana. Em 1956 publicou o folheto "Cabo Verde visto por Gilberto Freyre" e em 1957 "O Dialecto Crioulo de Cabo Verde".
O seu nome há-de estar sempre ligado à Claridade, nome retirado da revista que, como referido, co-fundou, e que preconiza um movimento de emancipação cultural.
Ao longo dos nove números publicados da revista, demarcou-se dos cânones literários portugueses, assumindo a luta pela afirmação da cabo-verdianidade e pela reflexão sobre a realidade das ilhas.

Os claridosos haveriam de tornar-se figuras incontornáveis da cultura nacional, vozes de um povo sofrido, imiscuindo-se e dando a conhecer as suas raízes, assim, como problemas sociais: a fome, a seca e a emigração.





Revolução

Nem todas as revoluções se fazem na política, ou na indústria, ou pelas armas. Há também aquelas que se fazem por força do intelecto e, nesse sentido, Baltasar Lopes foi um revolucionário.
O seu aniversário, por coincidência, situa-se em data próxima da de uma revolução pací-fica ocorrida em Portugal e com fortes repercussões nas ilhas.
No livro de Leão Lopes, "Baltasar Lopes: um homem arquipélago na linha de todas as batalhas", o autor defende que o professor terá sido o primeiro cabo-verdiano com ficha na PVDE (polícia política que antecedeu a PIDE). Na nota, datada de 1939, era considerado "desafecto à Nação" e a verdade é que a sua personalidade e independência de espírito, assim como a sua capacidade para mobilizar as pessoas, incomodavam os poderes estabelecidos.
Baltasar Lopes teve a consciência de ser um homem perante uma época, centrado sempre nas particularidades de Cabo Verde.

Além de filólogo, poeta, professor, novelista e ensaísta, Baltasar foi também mentor de vários jovens. Por alturas antecedentes ao 25 de Abril de 1974, um grupo de estudantes criou no Mindelo o grupo Distância.

António Pascoal, Rui Figueiredo, Humberto Cardoso, Vanda Oliveira e Aristides Lima constituíam o núcleo duro e tinham um programa na Rádio Barlavento chamado Nôs Terra (1973-74). Aí, recitavam-se poemas de autores cabo-verdianos imbuídos de espírito de revolução e de ideias de liberdade.

Nhô Baltás era cuidadoso em termos de apelo político aos jovens, mas incitava o gosto cultural destes estudantes. Esta ligação ao grupo valeu-lhe uma anotação da PIDE-DGS: "Cuidado, estes jovens são dirigidos pelo Dr. Baltasar Lopes!", lia-se.

Baltasar Lopes dizia que regime colonial não se aguentaria para sempre. Por isso não terá sido com muita surpresa que recebeu a notícia do 25 de Abril e assistiu à queda do regime colonial-fascista.

Com a independência de Cabo Verde, Baltasar Lopes volta a viver num regime de partido único. Continua a lutar pela independência de espírito do indivíduo, o livre arbítrio e contra a restrição da criatividade e da liberdade de expressão.

O regime pós-independência desiludiu, pois, o professor, apesar de, em 1986 e por iniciativa do Presidente Aristides Pereira, o PAICV se ter reconciliado com os Claridosos e com o seu líder, através da realização do Colóquio Comemorativo do Cinquentenário da revista Claridade, contou Leão Lopes em entrevista ao Expresso das ilhas, no ano passado.

Aristides Pereira confessou ao escritor e jornalista José Vicente Lopes (em entrevista para a biografia "Aristides Pereira, minha vida, nossa história") que o partido tencionava prender Baltasar Lopes, algo que só não aconteceu por intervenção do próprio PR. A alegação era de que o professor teria ligações aos democratas-cristãos.

Nessa altura o desencantamento, já marcara a distância em relação ao 1º de Maio de 1974, dia em que Baltasar Lopes discursara na varanda da Câmara Municipal de S. Vicente, exortando a população "a acreditar que a hora que se vivia então era de resgate, a hora de recompensa." Apesar de tudo, realista, o escritor sabia as dificuldades que aí viriam. Segundo reza a memória desse discurso, terá mesmo dito que que não iria aplaudir, porque as mãos que serviram para aplaudir, deviam agora servir para trabalhar.


citado de: http://www.expressodasilhas.sapo.cv/pt/noticias/go/baltasar-lopes-da-silva--maior-do-que-o-tempo


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