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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Um veneziano em Paris. Casanova, Estampa,1972

Um veneziano em Paris.
Giacomo Casanova
Editorial Estampa
Clássicos de Bolso,nos 27,28,29
trad. Luisa Lemos
 1972
303p.






Giacomo Casanova: o homem que nasceu para as mulheres

publicado em recortes por 




Ao contrário de outros grandes sedutores, Giacomo Casanova não é fruto da imaginação ficcional. Nasceu na República de Veneza, no século XVIII, e antes de se tornar no lendário aventureiro tinha idealizado um rumo completamente oposto: seguir a vida eclesiástica. Da igreja para a vida militar, da prisão até à escrita ou dos círculos eruditos para a companhia de inúmeras mulheres, Casanova gozou em pleno setenta e três anos apaixonantes, marcados sobretudo pelas suas galantes aventuras amorosas.


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© Giacomo Casanova, retrato pintado por Anton Raphael Mengs, 1760 (Wikicommons).

Numa das cidades mais românticas do Mundo, nasce a 2 de Abril de 1725 o grande aventureiro e conquistador italiano Giacomo Casanova. Filho dos actores Zanetta Farussi e Gaetano Giuseppe Casanova, Giacomo cresceu numa Veneza mágica e libertina onde quase tudo era permitido.
Entregue aos cuidados da avó desde pequeno – a mãe viajava constantemente pela Europa com a companhia de teatro e o pai morreu quando tinha oito anos - passou também alguns anos da adolescência em Pádua. Aí, residiu na casa de um sacerdote enquanto estudava direito na universidade; e aprendeu filosofia, matemática, música e medicina. Durante esse tempo, Casanova despertou igualmente para dois vícios que o tornaram famoso: o jogo e as mulheres. Sobre Bettina Gozzi – filha do sacerdote e o seu primeiro flirt, revelou nas suas “Memórias” ter sido ela “que, pouco a pouco, acendeu no meu coração as chispas de um sentimento que depois se tornou numa paixão dominante”.

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© Giacomo Casanova, reetrato desenhado pelo seu irmão Francesco, entre 1750-1755 (Wikicommons, Adriano C.).

Terminados os estudos, volta a Veneza, onde inicia uma carreira eclesiástica. Conhece Alivise Gasparo Malipiero – senador e proprietário do Palazzo Malipiero que o introduz nos melhores círculos sociais de Veneza. Casanova, rodeado de boa comida, bom vinho e boa companhia, acaba por se envolver sexualmente com as irmãs Savorgnan. Este encontro, segundo confessou, acabou por fazê-lo descobrir a sua verdadeira vocação.

Os escândalos pela Europa

É claro que os escândalos que começa a protagonizar - de jogo e de mulheres - ditam o fim da sua curta carreira na Igreja. Após a morte da avó, ainda frequentou um seminário, mas as suas dívidas de jogo levaram-no pela primeira vez à prisão. Já em liberdade, Casanova exerceu outras profissões que abandonou sempre pouco depois. Foi oficial militar, jogador profissional e músico. Porém, no meio de tanta indecisão, não hesitou em aplicar os seus conhecimentos de medicina quando um nobre veneziano adoeceu, e nenhum especialista o conseguia curar. Fazendo-o recuperar com o seu tratamento, o nobre acolheu Casanova e torna-se seu patrono.
Três anos depois, foi forçado a deixar Veneza novamente devido aos escândalos. Partiu então para Parma, e em 1750 chega a Paris onde permaneceu até 1752. Um ano depois, voltou a Veneza com o mesmo estilo de vida que o fizera partir. Já há muito sob a mira das autoridades, Casanova foi preso sob uma extensa lista de acusações e enviado para uma cela no Palácio Ducal. Depressa começou a planear a sua fuga.

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© Giacomo Casanova, gravura Casanova e o preservativo, 1872 (Wikicommons).

Só que, apenas três dias antes de a concretizar, foi transferido para outra cela. Perante a urgência de mudar a situação, Casanova alia-se a um novo companheiro e projectaram outra fuga. Em 1756, foge por um buraco escavado no tecto da cela e trepa para o telhado do palácio. Aí passa a noite, muda de roupas e já de madrugada atravessa um dos corredores e desceu as escadas até à porta. Ao sair, corre rapidamente em direcção a uma gôndola, e de seguida parte para Paris.
Durante vinte anos, viveu entre França, Suiça, Itália, Inglaterra e Bélgica, tendo deixado amantes e dívidas de jogo em cada cidade. A sua reputação era tão conhecida que acabou por se mudar para Espanha, onde ainda pouco se falava de si. Casanova tentou então aproximar-se de nobres influentes e recuperar os luxos de antes. Porém, a aventura espanhola foi um fracasso, fazendo-o voltar a Paris e logo de seguida a Roma.

A paixão pelas mulheres

Em 1774, com 49 anos, obtém autorização para voltar a Veneza. O viajante incansável tinha percorrido a Europa envolto em grandes aventuras, sobretudo devido à sua paixão incontrolável: as mulheres. Casanova afirmava ter nascido para as mulheres e que a ocupação mais importante da sua vida era amá-las. Sem qualquer estratégia ou técnica de sedução. Ele queria apenas seduzi-las e entregar-se ao momento.
Casanova não se movia pela alma feminina, mas sim pelo seu corpo. Não havia truques escondidos na conquista, pois o seu segredo estava precisamente na sinceridade do seu desejo. “Não é um sedutor, é um gozador. Ele gosta do prazer que lhes proporciona” escreveu Marceau a este respeito. Casanova também não fazia promessas nem quebrava corações: “…nunca contrai dívidas de alma, pois as suas relações são sempre leais, são simplesmente de ordem sexual e sensual. Ele não provoca nenhuma catástrofe, fez muitas mulheres felizes (…) todas saem intactas de uma aventura para voltar à vida quotidiana. Nenhuma delas se suicida nem se abandona ao desespero; o seu equilíbrio interior não é perturbado (…) Ele conquista sem destruir, seduz mas não desmoraliza.” defende Stan Zweig no livro "Casanova: a Study in Self Portraiture".
O próprio atribuía ainda o seu sucesso amoroso à forma como tratava cada mulher: atenção, delicadeza e pequenos gestos eram o caminho certo para conquistar. Mas alertava: “qualquer homem que dê a conhecer o seu amor por palavras é um idiota”. Segundo Casanova, a comunicação verbal é essencial, “mas as palavras devem ser implícitas, não proclamadas directamente”. Na sua autobiografia, confidenciou ter dormido com 122 mulheres ao longo da vida.
No regresso a Veneza, soube da morte da mãe e de Bettina Gozzi. Abandonou o vício de jogo por estar praticamente falido. Todavia, em 1779 ainda se tornou amante de uma costureira e com ela passou os últimos anos na cidade antes de ser definitivamente expulso, depois de escrever uma sátira sobre a família nobre Grimani. É aliás nessa obra que desvenda ser o patriarca Grimani o seu verdadeiro pai. A sua “Ilíada”, publicada em três volumes, também não conheceu sucesso nem rendeu dinheiro.

Escritor das suas memórias

Em 1785 Casanova chegou à Boémia, na actual República Checa, e aí permaneceu até à sua morte em 1798. Trabalhou como bibliotecário, dedicando o restante tempo à escrita da autobiografia, “História da minha vida”. Embora tenha revelado que estes anos lhe foram aborrecidos e até frustrantes, sem eles não teria produzido os vários volumes desta biografia, que aliás ficou incompleta. Desde a primeira edição, a redacção das suas memórias foi um fascinante testemunho da época, convertendo Casanova no mais famoso sedutor de todos os tempos.
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Leia_mais: http://obviousmag.org/archives/2012/04/giacomo_casanova_o_homem_que_nasceu_para_as_mulheres.html#ixzz2KRnHDuhZ

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