Um veneziano em Paris.
Giacomo Casanova
Editorial Estampa
Clássicos de Bolso,nos 27,28,29
trad. Luisa Lemos
1972
303p.
Giacomo Casanova: o homem que nasceu para as mulheres
publicado em recortes por diana ribeiro
© Giacomo Casanova, retrato pintado por Anton
Raphael Mengs, 1760 (Wikicommons).
Numa das cidades mais românticas do Mundo, nasce a 2 de Abril de 1725 o
grande aventureiro e conquistador italiano Giacomo Casanova. Filho dos actores
Zanetta Farussi e Gaetano Giuseppe Casanova, Giacomo cresceu numa Veneza mágica
e libertina onde quase tudo era permitido.
Entregue aos cuidados da avó desde pequeno – a mãe viajava constantemente
pela Europa com a companhia de teatro e o pai morreu quando tinha oito anos -
passou também alguns anos da adolescência em Pádua. Aí, residiu na casa de um
sacerdote enquanto estudava direito na universidade; e aprendeu filosofia,
matemática, música e medicina. Durante esse tempo, Casanova despertou igualmente
para dois vícios que o tornaram famoso: o jogo e as mulheres. Sobre Bettina
Gozzi – filha do sacerdote e o seu primeiro flirt, revelou nas suas
“Memórias” ter sido ela “que, pouco a pouco, acendeu no meu coração as chispas
de um sentimento que depois se tornou numa paixão dominante”.
© Giacomo Casanova, reetrato desenhado pelo seu
irmão Francesco, entre 1750-1755 (Wikicommons, Adriano C.).
Terminados os estudos, volta a Veneza, onde inicia uma carreira eclesiástica.
Conhece Alivise Gasparo Malipiero – senador e proprietário do Palazzo Malipiero
que o introduz nos melhores círculos sociais de Veneza. Casanova, rodeado de boa
comida, bom vinho e boa companhia, acaba por se envolver sexualmente com as
irmãs Savorgnan. Este encontro, segundo confessou, acabou por fazê-lo descobrir
a sua verdadeira vocação.
Os escândalos pela Europa
É claro que os escândalos que começa a protagonizar - de jogo e de mulheres -
ditam o fim da sua curta carreira na Igreja. Após a morte da avó, ainda
frequentou um seminário, mas as suas dívidas de jogo levaram-no pela primeira
vez à prisão. Já em liberdade, Casanova exerceu outras profissões que abandonou
sempre pouco depois. Foi oficial militar, jogador profissional e músico. Porém,
no meio de tanta indecisão, não hesitou em aplicar os seus conhecimentos de
medicina quando um nobre veneziano adoeceu, e nenhum especialista o conseguia
curar. Fazendo-o recuperar com o seu tratamento, o nobre acolheu Casanova e
torna-se seu patrono.
Três anos depois, foi forçado a deixar Veneza novamente devido aos
escândalos. Partiu então para Parma, e em 1750 chega a Paris onde permaneceu até
1752. Um ano depois, voltou a Veneza com o mesmo estilo de vida que o fizera
partir. Já há muito sob a mira das autoridades, Casanova foi preso sob uma
extensa lista de acusações e enviado para uma cela no Palácio Ducal. Depressa
começou a planear a sua fuga.
© Giacomo Casanova, gravura Casanova e o
preservativo, 1872 (Wikicommons).
Só que, apenas três dias antes de a concretizar, foi transferido para outra
cela. Perante a urgência de mudar a situação, Casanova alia-se a um novo
companheiro e projectaram outra fuga. Em 1756, foge por um buraco escavado no
tecto da cela e trepa para o telhado do palácio. Aí passa a noite, muda de
roupas e já de madrugada atravessa um dos corredores e desceu as escadas até à
porta. Ao sair, corre rapidamente em direcção a uma gôndola, e de seguida parte
para Paris.
Durante vinte anos, viveu entre França, Suiça, Itália, Inglaterra e Bélgica,
tendo deixado amantes e dívidas de jogo em cada cidade. A sua reputação era tão
conhecida que acabou por se mudar para Espanha, onde ainda pouco se falava de
si. Casanova tentou então aproximar-se de nobres influentes e recuperar os luxos
de antes. Porém, a aventura espanhola foi um fracasso, fazendo-o voltar a Paris
e logo de seguida a Roma.
A paixão pelas mulheres
Em 1774, com 49 anos, obtém autorização para voltar a Veneza. O viajante
incansável tinha percorrido a Europa envolto em grandes aventuras, sobretudo
devido à sua paixão incontrolável: as mulheres. Casanova afirmava ter nascido
para as mulheres e que a ocupação mais importante da sua vida era amá-las. Sem
qualquer estratégia ou técnica de sedução. Ele queria apenas seduzi-las e
entregar-se ao momento.
Casanova não se movia pela alma feminina, mas sim pelo seu corpo. Não havia
truques escondidos na conquista, pois o seu segredo estava precisamente na
sinceridade do seu desejo. “Não é um sedutor, é um gozador. Ele gosta do
prazer que lhes proporciona” escreveu Marceau a este respeito. Casanova
também não fazia promessas nem quebrava corações: “…nunca contrai dívidas de
alma, pois as suas relações são sempre leais, são simplesmente de ordem sexual e
sensual. Ele não provoca nenhuma catástrofe, fez muitas mulheres felizes (…)
todas saem intactas de uma aventura para voltar à vida quotidiana. Nenhuma delas
se suicida nem se abandona ao desespero; o seu equilíbrio interior não é
perturbado (…) Ele conquista sem destruir, seduz mas não desmoraliza.”
defende Stan Zweig no livro "Casanova: a Study in Self Portraiture".
O próprio atribuía ainda o seu sucesso amoroso à forma como tratava cada
mulher: atenção, delicadeza e pequenos gestos eram o caminho certo para
conquistar. Mas alertava: “qualquer homem que dê a conhecer o seu amor por
palavras é um idiota”. Segundo Casanova, a comunicação verbal é essencial,
“mas as palavras devem ser implícitas, não proclamadas directamente”.
Na sua autobiografia, confidenciou ter dormido com 122 mulheres ao longo da
vida.
No regresso a Veneza, soube da morte da mãe e de Bettina Gozzi. Abandonou o
vício de jogo por estar praticamente falido. Todavia, em 1779 ainda se tornou
amante de uma costureira e com ela passou os últimos anos na cidade antes de ser
definitivamente expulso, depois de escrever uma sátira sobre a família nobre
Grimani. É aliás nessa obra que desvenda ser o patriarca Grimani o seu
verdadeiro pai. A sua “Ilíada”, publicada em três volumes, também não conheceu
sucesso nem rendeu dinheiro.
Escritor das suas memórias
Em 1785 Casanova chegou à Boémia, na actual República Checa, e aí permaneceu
até à sua morte em 1798. Trabalhou como bibliotecário, dedicando o restante
tempo à escrita da autobiografia, “História da minha vida”. Embora tenha
revelado que estes anos lhe foram aborrecidos e até frustrantes, sem eles não
teria produzido os vários volumes desta biografia, que aliás ficou incompleta.
Desde a primeira edição, a redacção das suas memórias foi um fascinante
testemunho da época, convertendo Casanova no mais famoso sedutor de todos os
tempos.
Leia_mais: http://obviousmag.org/archives/2012/04/giacomo_casanova_o_homem_que_nasceu_para_as_mulheres.html#ixzz2KRnHDuhZ
Um livro marcante, raro e de coleção
Em estado razoável para a idade. Miolo impecável
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