Mário-Henrique Leiria
Depoimentos escritos. Contos, poemas e cartas de amor
Editorial Estampa
Coleção Ficções, 26
1ª edição
1997
340p.
.... A 25 de Novembro de 1975 o General Eanes e o Grupo dos Nove dão um golpe militar para travar Abril montado no esquerdismo galopante. Ficas muito preocupado, temes o regresso ao tempo da Outra Senhora, ao fascismo. Tratas logo de aderir ao PRP - Partido Revolucionário do Proletariado - da Isabel do Carmo e do Carlos Antunes, que insistem na acção armada para defender a Revolução.
- Ó Mário-Henrique: mas se nem uma bengala tu consegues segurar como deve de ser, quanto mais uma espingarda ou metralhadora...
Que te importa! O que é preciso é agitar a ideia da acção armada, ai Carbonária,Carbonária...
Muitas vezes vou bater à tua porta a convidar-te a dar uma volta de carro. Aceitas sempre. De Carcavelos vamos à praia do Guincho e depois subimos à Serra de Sintra. Gostas muito de ir até ao Cabo da Roca. Será por causa da paisagem agreste, ou por ser ali a ponta mais ocidental da Europa? Sabe-se lá o que se passa pelos teus miolos...
Em Janeiro de 1980 és internado no hospital de Cascais. Um lampejo, a Fipsy, a Isabel e, sem dares cavaco aos amigos, passas-te. És um chato!
Bem, acho que já acabei a evocação da tua vida e da tua obra, vou botar aqui um ponto final.
Espera, espera aí um instante que está a chegar um fax. Não me surpreende: é o São Pedro a lamentar-se que não desistes de converter o Império do Céu em República Popular do Purgatório.créditos de http://www.vidaslusofonas.pt/index.htm |
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