Leopold von Sacher Masoch
A Vénus de Kazabaïka [ vulgo a Virgem das Peles ou Virgem de Vison]
Afrodite [Francisco Ribeiro de Mello]
1ª edição
1966
215p
Tradução de Ana Hatherly
Prefácio de Júlio Moreira
Colaboração gráfica de António Sena da Silva
Capa:
Vénus ao Espelho Ticiano (Museu de Washington)
Edição Integral, com encenações fotográficas em folhas extra-texto.
"O gráfico foi o arquitecto António Sena da Silva, grande amador de fotografia, que também foi o autor das ilustrações que tanto enriqueceram a edição. Nessas ilustrações, os figurantes eram: um empregado do armazém de Fernando Ribeiro de Mello e a mulher da limpeza, uma atraente morena. A caracterização e a encenação estiveram a cargo do pintor João Vieira, que se encarregou também de arranjar adereços.
A cadeira foi emprestada por Natália Correia. O cenário era simplesmente um canto do armazém onde Fernando Ribeiro de Mello guardava os livros que editava.
Não assisti à sessão de fotografia nem fui eu quem seleccionou as fotos para as ilustrações, que nitidamente obedeciam a um plano, mas fui eu que escolhi as legendas, aspecto importante, uma vez que as fotos correspondem a diversos passos da narrativa que era necessário identificar correctamente.
Pelo seu estilo saborosamente ingénuo, as ilustrações incluídas nesta edição contribuíram para acentuar o carácter kitsch e transgressor da obra, tornando-se um chamariz irresistível para o público."
Ana Hatherly, no prefácio da segunda edição de A Vénus de Kazabaïka, de Sacher-Masoch, (Relógio d’Água Editores, 1994)
Do prefácio:
«[...] Diz-se que noutras civilizações que nos precederam, e terão chegado mesmo a coexistir com a nossa, o amor era uma fonte de alegria, um domínio superior de prazer e plenitude.
Na nossa, a principal realização erótica (termo derivado de Eros, devindade [sic] da antiguidade clássica difìcilmente inteligível nos nossos dias) reside no pecado.
[...] Nos traços comuns que reúnem Sade e Masoch, um outro aspecto, independente, pelo menos superficialmente independente, das suas concepções do amor, que os celebrizaram, parece digno de nota. Ambos, nascidos nas melhores famílias dos seus países, pertencendo a uma aristocracia com todos os previlégios, tomaram posição ao lado das correntes políticas mais avançadas do seu tempo.
Não foi só por ter atentado contra a moral que Sade passou a vida na prisão. [...] Sade não só colaborou activamente na revolução francesa, como foi um dos primeiros a denunciar o ditador Napoleão.
Masoch, por seu lado, foi um conhecido sociólogo do seu tempo, autor dum sistema político aparentado com o socialismo de Tolstoi e o liberalismo de Saint-Simon [...].
Ambos, Sade e Masoch, são portanto indivíduos de vanguarda, atentos às directrizes históricas que têm conduzido as sociedades humanas de maneira a confirmar a sua própria visão.
Não são os taradinhos sexuais que a vista curta ou as más intenções têm querido fazer deles, próprios para alimentar edições pornográficas, mas sim os desmistificadores lúcidos e atentos ao mundo dentro e fora de si, dispostos a ir, com o próprio martírio, ao fundo das coisas. [...]»
Excelente exemplar, miolo muito limpo. Marca de copo na capa de brochura, como se pode verificar na foto.
Exemplar como novo, capa e miolo com marcas ligeiras de humidade
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