Os Tambores da Chuva
Ismail Kadaré
EDIÇÕES MARIA DA FONTE
COLEÇÃO CULTURA POPULAR, Nº 2
1ª EDIÇÃO
EDITORA MARIA ISABEL PINTO VENTURA
TRAD CELESTE ALVES PEDRO
CAPA MARIA JOSÉ SACADURA
(1976)
278 p
Na segunda metade do século XV, o exército otomano, o mais poderoso do mundo, está prestes a atacar um castelo cristão de um pequeno país dos Bálcãs, a Albânia, ponto de interseção entre Ocidente e Oriente. Trata-se da principal cidadela do herói nacional albanês, o legendário George Kastriota-Skanderbeu.
Ferozes soldados otomanos galgam escadas colocadas junto às muralhas da fortaleza. Ao redor, o sangue, o fogo, a morte. O paxá Tursum, que comanda as forças de ataque, precisa conquistar a fortaleza se não quiser cair em desgraça junto ao sultão.
De dentro do castelo assediado, uma voz anônima narra as privações impostas pelo cerco, entre elas a sede e a fome. A chuva, cuja estação se aproxima, poderá ser a salvação dos castelões e a danação dos atacantes.
As rotinas opressivas de um império totalitário são aqui descritas por alguém que viu seu país ser invadido sucessivamente pela Itália fascista, pela Alemanha nazista e pela União Soviética. Sob a rígida censura stalinista da década de 60 - quando Kadaré escreveu o livro -, o foco sobre os séculos em que a Albânia esteve sob o jugo otomano assumiu forte carga libertária.
Ismail Kadaré faz uma epopéia moderna, comparável à própria Ilíada de Homero, igualmente centrada no assédio a uma cidadela - Tróia.
O autor
Ismail Kadaré (Gjirokastër, 28 de Janeiro de 1936) é um escritor albanês. Filho de um funcionário público, presenciou a devastação da Albânia pelas tropas que se digladiaram durante a Segunda Guerra Mundial, experiência que deixou as suas marcas tanto na sua vida como na sua obra.
Estudou História e Filologia na Universidade de Tirana e no Instituto Gorky de Literatura em Moscovo. Depois de sofrer ameaças do regime comunista albanês, exilou-se em França em Outubro de 1990, antes do regime colapsar, onde vive até hoje.
Recebeu muitos prémios literários, e foi nomeado diversas vezes para o Prémio Nobel da Literatura, onde quase sempre aparece na lista de favoritos.
Recebeu o Prémio Internacional Man Booker em 2005. Em 2009 foi galardoado com o Prêmio Príncipe de Astúrias das letras.
As opiniões divergem sobre se Kadaré foi um dissidente ou um conformista durante o período comunista da Albânia. Em diversas ocasiões, Kadaré refutou a ideia de ter sido dissidente. Argumentos podem ser esgrimidos em ambos os sentidos.
De facto, foi praticamente o único escritor albanês autorizado pelo regime, e foi mesmo deputado do regime de Enver Hoxha, mas algumas das suas obras (como O Palácio dos Sonhos) são profundamente anti-totalitárias e ressaltam o valor da liberdade.
Sobre as Edições Maria da Fonte
Editora fundada Manuel Quirós e sua companheira Maria Isabel Pinto Ventura.
Manuel Armando Giménez González Quirós, de seu nome completo, nasceu em 1939 e despertou para a actividade política em pleno “furação” causado pelas eleições de Humberto Delgado, em 1958, que lhe levou a percorrer um caminho diferente, o da luta contra o degenerado Estado Novo. Em 1960 aderiu ao PCP, donde, em ruptura, sairia com um destacado núcleo de militantes para fundar em 1964 a Frente de Acção Popular (FAP) e o Comité Marxista-Leninista Português (CMLP), que não foi mero acto de inclinação individual, mas tão-somente uma sentida necessidade de romper com a via pacifista e promover a luta armada revolucionária, as bases essenciais desta primeira cisão de esquerda.
Em finais de 1969, saído da prisão política, foi expulso da docência e proibido de exercer o ministério de professor do ensino técnico, dedicando-se desde então à tradução e posterior edição no sector livreiro. Homem de acção, dinâmico e empreendedor, pensador intelectual brilhante profundamente engajado na luta contra a ditadura fascista, fundaria em 1973 as Edições Maria da Fonte, um marco de referência.
Num curto espaço de três anos publicaria dezenas de obras de doutrinação marxista-leninista, análise política e literatura revolucionária, quase sempre por si traduzidas, fruto do seu imenso labor. Devido à pujança deste projecto, a editora sobreviveu, pelo menos, até ao fim da década de 1970.
Neste período, antes de 25 de Abril, foi ainda cronista dos jornais progressistas COMÉRCIO DO FUNCHAL e NOTÍCIAS DA AMADORA: Semanário Popular, continuando a desenvolver várias acções na clandestinidade. Um exemplo de dedicação à luta antifascista.
Manuel Quirós morreu em 1975 em pleno fulgor revolucionário.
Sobre as Edições Maria da Fonte
Editora fundada Manuel Quirós e sua companheira Maria Isabel Pinto Ventura.
Manuel Armando Giménez González Quirós, de seu nome completo, nasceu em 1939 e despertou para a actividade política em pleno “furação” causado pelas eleições de Humberto Delgado, em 1958, que lhe levou a percorrer um caminho diferente, o da luta contra o degenerado Estado Novo. Em 1960 aderiu ao PCP, donde, em ruptura, sairia com um destacado núcleo de militantes para fundar em 1964 a Frente de Acção Popular (FAP) e o Comité Marxista-Leninista Português (CMLP), que não foi mero acto de inclinação individual, mas tão-somente uma sentida necessidade de romper com a via pacifista e promover a luta armada revolucionária, as bases essenciais desta primeira cisão de esquerda.
Em finais de 1969, saído da prisão política, foi expulso da docência e proibido de exercer o ministério de professor do ensino técnico, dedicando-se desde então à tradução e posterior edição no sector livreiro. Homem de acção, dinâmico e empreendedor, pensador intelectual brilhante profundamente engajado na luta contra a ditadura fascista, fundaria em 1973 as Edições Maria da Fonte, um marco de referência.
Num curto espaço de três anos publicaria dezenas de obras de doutrinação marxista-leninista, análise política e literatura revolucionária, quase sempre por si traduzidas, fruto do seu imenso labor. Devido à pujança deste projecto, a editora sobreviveu, pelo menos, até ao fim da década de 1970.
Neste período, antes de 25 de Abril, foi ainda cronista dos jornais progressistas COMÉRCIO DO FUNCHAL e NOTÍCIAS DA AMADORA: Semanário Popular, continuando a desenvolver várias acções na clandestinidade. Um exemplo de dedicação à luta antifascista.
Manuel Quirós morreu em 1975 em pleno fulgor revolucionário.
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