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domingo, 27 de janeiro de 2013

Villa Celeste - Hélia Correia - Editora Contraponto

Villa Celeste - novela ingénua
Hélia Correia
Edição Contraponto
Ilustrações de Luis Manuel Gaspar
Logotipo da Contraponto - Paulo Guilherme d'Eça Leal
2ª edição (Março de 1999)
94p .

Livro raro (de coleção)



Edição Ulmeiro
Capa António Pimentel
Coleção imagem do corpo 26
1ª edição 1985
50p .





Sobre a obra editada pela Contraponto (Fac-simile da carta e transcrição de Isabel castanheira - Blogue Cavacos das Caldas)

"Palmela, 5 de Abril de 1999

Dona Maria Isabel Castanheira - tenho aqui à m/ frente o Gil Vicente. Não é o do Pranto da Maria Parda, essa bêbada. Mas o gato da Loja 107 em foto, ao colo da Hélia Correia.

E aí está! - vou mandar-lhe daqui a dias, talvez ainda esta semana, um exemplar de Villa Celeste, uma edição minha. A Hélia falou-me na sua livraria, para um lançamento caldense. Já não sei onde fica a sua casa. Não é do meu tempo caldense, que vai de 1927 a 1968, + ou -. Morei na General Queiroz, na Bordallo Pinheiro, junto do Parque e na Estrada do Coto (?), casa dos Badejas. Nos anos 60 havia uma livraria na rua das Montras (o rapaz morreu, doença do coração) aí em 1966, 67. E uma livraria na Praça, que passou para a FRAMI (o - um dos, o Rogério - Caiado até é meu compadre).




Seja como for. Pela confiança que a Hélia Correia demonstrou com o Gil Vicente, creio que lhe será grato (além do mais) receber o livro e cooperar no lançamento. A Hélia disparou para o estrangeiro, em férias pascais, eu ainda não lhe disse nada, aqui fica o meu pedido. Mais: tenho nas Caldas umas dezenas de amigos. Um tinha. Morreram dois: o dr. António e o irmão, o dr. Custódio Maldonado Freitas (ainda conheci o velho Freitas, que me dava injecções de cálcio Sandoz no rabo).



A nosso editora, Contraponto, vive de assinantes por todo o País. Apenas ponho (e poucos) livros em meia dúzia de livrarias (Lx, Coimbra, Porto).




E estou num LAR DE IDOSOS e sem forças para ir combater no Kosovo... Mas queria que o bonito livro da Hélia chegasse ao maior número possível de leitores. Ela (apenas a vi, aqui, e foi quando ela alvitrava o lançamento aí) pareceu-me tímida, acanhada, com exagerados escrúpulos de julgarem que se está a impingir. Isto é: de se parecer com algumas damas literatas (catatuas, lhes chamo) que se pavoneiam por todo o lado e estão em todas (a Dona Lídia Jorge por ex.). Não será o caso, mas há um mínimo de esforços a fazer para quebrar aquela barreira de silêncio que se instala por inércia nossa.
Os meus cumprimentos."
Luiz Pacheco  

Sobre a mítica Editora Contraponto de Luiz Pacheco

Fundação da Contraponto

Luiz Pacheco cria a Contraponto: Edições e Distribuição em 1950 (Setembro), na rua Rafael Andrade, nº12 1º, Lisboa. Motivado pela ideia de combate ao regime vigente e pela luta contra as instituições. Concebe uma editora cujo objectivo era a denúncia da situação política, social e literária. O trabalho de escrita, revisão, tratamento gráfico e distribuição era, todo ele, feito pelo Luiz Pacheco. Contava com a colaboração de alguns amigos que se propunham para realizar certas tarefas e, por outro lado, garantir a publicação das suas obras.

Inicia a sua actividade com a publicação do primeiro número de "Cadernos de Crítica e Arte" sob organização e direcção de José Nunes Ferreira e Pitta Simões, tiragem de 2000 exemplares mas vendeu-se muito mal. 

Artigos publicados: "Sobre a poesia de Carlos de Oliveira"; "Apontamento" de Augusto Abelaira; "O Presidente" de Pacheco; entre outros.

Colaboradores: Augusto Abelaira, Jaime Salazar Sampaio, Arlinda Franco Oliveira, Vasco Vidal, Eugénio Morais Cardigos.

Em 1952 saiu o segundo número de "Cadernos de Crítica e Arte" , com uma tiragem de 1000 exemplares. Desta vez, as vendas superaram as expectativas.

Artigos publicados: Tentativa de publicar uma peça de Garcia Lorca mas foi cortada pela Censura. É alterada por poemas de Pedro Oom e Carlos Drummond de Andrade.

Colaboradores: Luiz Pacheco, Tomás Ribas, Paulo-Guilherme de Eça Leal, Alfredo Margarido, Renato Ribeiro, Manuel Nunes da Fonseca, António Nuno Barreiros, Francisco Aranda, Florentino Goulart Nogueira, Egito Gonçalves.

Em 1962 publica o terceiro, e último, número de "Cadernos de Crítica e Arte". Por questões económicas este número só contém as páginas 1, 2, 7 e 8. A tiragem foi de 1000 exemplares mas 500 ficaram na tipografia da Sertã.

Colaboradores: Luiz Pacheco, Artur Ramos, Ernesto Sampaio, António José Forte.


O primeiro livro publicado pela Contraponto foi em 1951, intitulado "Discurso sobre a reabilitação do real quotidiano" de Mário Cesariny de Vasconcelos.

Artigos presentes no arquivo da Censura:

A 11 de Setembro de 1953 recebe uma notificação do Grémio Nacional de Editores e Livreiros com a seguinte mensagem: "Acresce o facto de estar editando obras sem autorização dos autores, conforme reclamação apresentada por alguns deles que se dirigiram a este Grémio na suposição de que dispuséssemos dos meios repressivos para por cobro a essa usurpação" . Também com a mesma data recebeu outro aviso relativo à falta de registo nos serviços do Grémio Nacional como editorial .

Em jeito de elucidação, António Maria Pereira (Presidente da Direcção do Grémio Nacional dos Editores e Livreiros) esclarece os vários avisos por parte da Direcção do Grémio Nacional, num seu cartão de visita, redigindo umas singelas palavras. Passo a citar: "Com cordiais cumprimentos cumprindo a sua missão de Director do Grémio, perante este caso, esclarece a título confidencial, que tanto autores como editor pertencem aos chamados "surrealistas" grupo de jovens poetas incompreendidos por quem aprecia João de Deus e Augusto Gil, mas pessoas inofensivas" . 11/09/55 (?)

No dia 7 de Outubro de 1953 enviou um requerimento solicitando desenvolver uma editora designada "Contraponto", destinando-se "à publicação de dois pequenos folhetos anuais de poesia e literatura, sem fins comerciais e unicamente literários". Este pedido foi aprovado nos finais de 1953 .

No entanto, a 7 de Dezembro de 1957 - Luiz Pacheco informa os Serviços da Censura que suspendeu a actividade como editor .



Colecção Teatro no Bolso:

Em 1956 divulga os primeiros números da Colecção Teatro no Bolso, em pequeno formato, que acompanhavam o mundo teatral em Lisboa. Cada volume era vendido a 10 escudos nas livrarias e 5 escudos à porta dos teatros. Em promoção especial, séries de três números pela módica quantia de 15 escudos. Os volumes avulsos custavam 6 escudos. Juntamente com Cacilda Becker, em 1959, percorre o país vendendo estas pequenas publicações com autores consagrados, como por exemplo: Henrik Ibsen; Molière; Alfonso Castelao; Luigi Pirandello; Marquês de Sade; Almeida Garrett; Camilo Castelo Branco; Guillaume Appolinaire; entre outros. Em paralelo, a Companhia do "Teatro de Sempre" também publicava peças de ilustres autores, que facultaram algumas traduções a Luiz Pacheco (funcionário da Inspecção dos espectáculos). Esta Companhia pertencia ao Teatro Avenida de Lisboa, sob a direcção artística de Gino Saviotti e colaboração de Laura Alves e Giuseppe Bastos.



Delfim da Costa:

Nos anos 60, algumas obras foram publicadas com o pseudónimo Delfim da Costa (o cangalheiro da cidade). A origem deste pseudónimo colectivo é contada no verso de um panfleto intitulado "Caca, cuspo e ramela", que passo a citar: "Juntaram-se Manuel de Lima, Luiz Pacheco e Natália Correia, em casa desta, e fizeram um papel com pretensões a anónimo, assinado Delfim da Costa (o cangalheiro da cidade) e titulado Requiem pelos corpos penados mais em destaque no cemitério ulissiponense. Outros artigos que compõem esta colecção: 30 coplas de pé quebrado compostas, musicadas, cantadas por Delfim da Costa, o cangalheiro da cidade; Ária de Delfim da Costa: pro domo sua."


Logotipo:
O criador do logotipo da Contraponto foi o Paulo Guilherme d'Eça Leal. Este está presente na maioria das publicações produzidas pela editora. No caso dos folhetos, panfletos e em stencyl o nome da editora por vezes não surgia no pé da capa ou página ou surgia, em letras normais.

Assinantes:

Levantamento de algumas regiões, às quais pertenciam os respeitantes assinantes e contribuintes da editora, nos anos 90. Quer o número de assinante, quer a quota recebida eram apontados atenciosamente num caderno. Luiz Pacheco enviava postais RSF a todos os assinantes presentes na sua lista e conhecidos, avisando-os da nova publicação. Porém, existe um postal que circulou entre os fiéis assinantes que não passou de um mero postal. O título mencionado no postal - As minhas cinco chagas, de mestre Almada Negreiros (ficção e memórias) - não chegou a ser publicado nem produzido. No entanto, recebeu as contribuições, que serviram para financiar a obra seguinte.

Sobre a Ulmeiro:

Livrarte/Ulmeiro"... 40 anos a resistir

 ( de http://mercadodebemfica.blogspot.pt/2009/01/livrarte-40-anos-resistir.html

Em Benfica, existe ainda um Alfarrabista - repleto de História e de memórias de lutas por uma Causa - que teima em Resistir, depois de 40 anos...




Situada na Avenida do Uruguai, no Nº 13A A, a “Livrarte” iniciou, formalmente, o seu negócio na venda de livros, há cerca de 29 anos (por volta de 1969): “(...) iniciado pela “Ulmeiro”, que tinha Editora e a Livraria (...)”, como nos contou a D. Lúcia Ribeiro, proprietária desta casa.

“Editora Ulmeiro” (como se chamava, então, à loja que alguns anos mais tarde viria a dar origem à“Livrarte”) poderia ser considerada, em finais dos anos 60, como uma Editora de vanguarda, na medida em que as suas publicações eram, essencialmente, livros de carácter político e interventivo, de ideais opostos aos do regime então vigente.

Nessa época conturbada do Salazarismo, e antes do 25 de Abril de 1974, esta era uma livraria “(...) marcadamente de contestação (...)”, segundo palavras da D. Lúcia.

Enquanto que a “Editora Ulmeiro” publicava livros de carácter considerado revolucionário para o Regime, a sua Livraria assumia um papel de núcleo de concentração dos intelectuais que queriam fazer ouvir as suas vozes contra o governo.
“Há ali um período em que era só política, pronto. Aí foi o auge da política. A gente queria era saber alguma coisa de política (...)”, e na “Ulmeiro” começaram a realizar-se sessões culturais de cariz político-informativo.

Nesta fase em que todos estavam de algum modo ligados à política (quer quisessem ou não, pois as suas vidas eram sempre regidas pela mesma), as sessões culturais de música e teatro, em que nomes sonantes como o de Carlos Paredes, Zeca Afonso e Mário Viegas participaram, sucediam-se umas atrás das outras: “Olhe, não tem conta as sessões que nós fizemos aqui culturais!”, diz-nos a D. Lúcia Ribeiro com uma certa réstia de saudade na voz.

Apesar desta sua acção, nunca foi partidária, nem esteve ligada a nenhum movimento político ou de contestação, mas as pessoas sempre associaram a Livraria aos movimentos contra o Regime que antecederam o 25 de Abril; como nos refere a D. Lúcia, “(...) não esteve ligada a nada, embora as pessoas nos conotassem, mas isso era inevitável!”, porque “Numa fase em que (...) toda a gente estava ligada à política (...) os que eram de direita diziam que éramos de esquerda, os que eram de esquerda como não éramos do PC ou não sei quê, diziam que éramos de direita.” 

O próprio Zeca Afonso era amigo pessoal da D. Lúcia e do Sr. José Ribeiro (marido da D. Lúcia), facto que devido à importância que o seu nome teve na história do 25 de Abril fez com que a memória colectiva existente na zona de Benfica assimilasse, até aos nossos dias, a “Livrarte” como pertença de familiares do cantor. No entanto, o parentesco existente entre Zeca Afonso e o Sr. José Ribeiro era, como nos explicou a D. Lúcia e tivemos ocasião de constatar quando o seu marido entrou na loja (aquando de uma das nossas Entrevistas), “(...) só a semelhança física (...)” “(...) uma grande relação de amizade e de parecença intelectual, a postura na vida (...)” entre ambos “(...) era muito parecida”.





Depois do 25 de Abril de 1974, quando os ânimos políticos e contestatários acalmaram, estas sessões culturais deixaram de ter razão de existir e “(...) aboliu-se isso completamente”. Mas a principal questão continuava a ser “(...) intervir culturalmente (...)” na sociedade, o que só foi possível com muitas outras sessões ao nível de autógrafos de autores e de leituras de poesia. Retomando-se, assim, o prosseguimento normal de uma Editora/Livraria.

Quatro anos após o 25 de Abril, em 1978, “(...) fizeram-se duas firmas diferentes... a “Ulmeiro” remeteu-se para o seu campo de Editora, que é aqui (...) no prédio ao lado; e a Livraria constituiu-se portanto, com o nome de “Livrarte” (...) Embora ficando ligados do ponto de vista de auxílio, digamos”. A D. Lúcia Ribeiro ficou à frente da “Livrarte”, enquanto o seu marido, o Sr. José Ribeiro permaneceu mais ligado à “Ulmeiro”e ao ramo editorial.

Livro da Contraponto: edição de bolso, capa cartonada, como novo.
Raro - Já peça de coleção
1ª edição da Ulmeiro há muito igualmente esgotada
Vendem-se juntas ou separadamente

Preço da edição Contraponto: 45€ + portes

Preço da edição da Ulmeiro: 35€ + portes

Pedidos a 2mitodesisifo@gmail.com ou em www.leiloes.net

3,40€ em correio registado nacional continental ou 1,20€ em correio normal nacional continental



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