Luiz Pacheco
Carta-sincera a José Gomes Ferreira com uma nota do autor por causa da província.
Lisboa,
Contraponto,
s.d [1958]
1ª edição
Colecão A Antologia em 1958
18,6 cm x 13,2 cm
44 págs. + 1 folha em extra-texto
Dístico: «Do polo fixo: onde inda se não sabe que outro “clerc” comece ou mundo acabe» composto em Bodoni e impresso sobre papel superior
PEÇA DE COLECÇÃO
Transcrito de Frenesi:
Incluído nesta colecção surrealista publicada pelo pintor / poeta Mário Cesariny, o ainda editor de surrealistas e abjeccionistas Luiz Pacheco sugere aqui, com inusitada verve e o correcto estilo literário, ao já então grande poeta José Gomes Ferreira que se deixe de «croniquetas» nos periódicos, isto a propósito de certa coluna jornalística – «À Porta da Livraria» – que este alimentava no Ler: «[...] elas têm estilo lá isso têm e não é mau. Mas ó diacho! é o estilo dos poemas, é a imagética dos poemas, é o vocabulário dos poemas, é tudo dos poemas! E então ficamos preocupados e um tudo-nada suspeitosos: os corvos de névoa, pântanos de cinzas, séculos de musgo, as chagas de grilhetas, verdades de punhal, criptas de morcegos, soluços de chicote, sonâmbulos de trapos, lençois de êxito, horizontes moles, chicotes de unhas, cidades de fome, luar dos ossos, dentes do coração, cabelos dos charcos, lágrimas de areia que criavam tão forte ambiente também servem para falar de porcarias do Chiado?!... então o Poeta não dá poemas e dá isto?! é então isto que o preocupa agora? e o resto? as lágrimas dos outros? o mundo dos outros? José Gomes Ferreira pode estar a escrever em casa um, dois, três livros de poemas ou seja o que for óptimos, sublimes. Não sei, não tenho nada com isso, ainda que me interessasse sabê-lo. O que não pode é entretanto mostrar ao público as plumas negras que tinha no lixo do saguão. Mais vale estar calado. [...]»
Exemplar muito estimado, capa e miolo limpo
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