O homem sem nome
João Aguiar
1ª edição
1986
Editora P&R perspectivas e realidades
141p.
Recensão crítica de http://oqueeojantar.blogs.sapo.pt/
"O poeta avançava pelo deserto e de vez em quando olhava à sua volta como se houvesse alguma coisa de ver além de céu e areia. Ao mesmo tempo ia considerando quais as razões de descontentamento - as suas e as do cavalo - eram mais legitimas. Acabou por concluir com certo sentido de justiça, que o descontentamento do cavalo era mais pertinente. Em primeiro lugar o animal não sentira o menor desejo de se meter pelo deserto; depois o calor era insuportável e o solo quebradiço dificultava-lhe a marcha. Para cúmulo , carregava no dorso a sua bagagem.
Isto quanto ao cavalo. As contrariedades do cavaleiro eram só duas: esquecera-se de fazer provisão de água e não sabia donde estava o oásis mais próximo, nem sequer se havia algum oásis. Ele pesou todas estas considerações e disse em voz alta:
- Espero que não te importes muito com a falta de água. Foi um esquecimento"
É mais ou menos assim que começa o livro "O homem sem nome" de João Aguiar.
João Aguiar é um escritor e jornalista português, foi um dos primeiros escritores portugueses que li quando cheguei a Portugal, eu tinha lido quase todos os livros de Gabriel Garcia Marquez, de Mário Vargas Llosa, alguns de Jorge Amado, Rómulo Gallegos e vários Latino-americanos.... e simplesmente adorei este livro, tanto que depois deste li quase todos os restantes deste escritor.
O livro é de leitura fácil e é daqueles que pegamos e não queremos largar, é a historia de um poeta, um trovador que um dia aparece de um deserto que era impossível de atravessar e como se tivesse uma varinha de condão, consegue mudar tudo o que toca, desde pessoas a países.
Como diz a contracapa, podemos olhar para o livro como se olha para uma história fantástica, como uma enorme lição de vida e de humanidade, ou ainda como uma sátira irónica, tudo depende do leitor,...eu tinha lido o livro em 1994, e durante a ultima semana utilizei a minha hora do almoço para reler..... e apesar de continuar a adorar o livro, desta vez foi diferente..... as descrições dos diferentes países e governos faziam-me recordar o Iraque e Sadam, ou a América e os Bush, ou ........ gostava de conhecer João Aguiar e perguntar-lhe em que é que ele estava a pensar quando escreveu o livro.
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