Fernando Ribeiro de Mello
Edições Afrodite
2ª edição
1974
72p
NOTA PRÉVIA OU LÁPIS VERMELHO
(Fernando Madureira)
...para nós portugueses- digo eu- só agora acabou a última guerra mundial. Exactamente. Como o séc. XX começou ... aí por 1918. Se isto afirmo, deve-se ao facto de que em Portugal subsistia ainda uma organização ... que fora montada pela GESTAPO: a PIDE/DGS - congénere à portuguesa.
...O documento que agora se publica é o sumáro de todos os ´delitos caçados`por todas as organizações policiais durante o período de 6 a 13 de Abril (1974). Deu entrada na PIDE/DGS a 24 de Abril e. portanto, deve ter sido o último. Corresponde a um documento de rotina, obrigatoriamente do Ministério do Interior, e dele se encarregava o chefe do gabinete, Duarte Guedes Vaz.
.....
O processo está aberto, mas a PIDE/DGS ainda não acabou...
Fernando Madureira (extractos da Nota Prévia)
NOTA: obviamente que o corte dos nomes mencionados nos documentos confidenciais é da nossa
responsabilidade (AFRODITE).
A Fernando Madureira agradece-se o ter facultado para publicação o documento que constitui a presente edição.
Sobre a Editora e o Editor Fernando Ribeiro de Mello
Porquê Afrodite?
"...nasceu,
de facto, a editora frágil e quase inexistente, sem capitais nem sede, que iria
escolher para seu nome uma deusa caucionada pela cultura grega mas que a
autoridade não deixaria, mais tarde, de legalizar.
-
Porquê? – quero saber trinta anos depois e pergunto-o a esse editor (Fernando
Ribeiro de Mello com dois éles), nós sentados na Brasileira-esplanada e a dois
passos de um contabilista imóvel que alguma coisa, de censuras, também chegara a
saber.
-
Porque Afrodite era um nome erótico, diziam-me nada próprio para baptizar com
ele uma editora.
-
Editora quase clandestina – reparo eu – baptizada com um nome que não entrava
nas possibilidades ditadas pelo regime e que conseguia, assim mesmo,
publicar.
-
Três ou quatro títulos por ano, de acordo com a lei. Ultrapassar esse número
estabelecido para uma não-editora-a-sério, hostilizar por esse lado uma brandura
legislativa de um país que guerreava livros, seria pretexto para uma proibição
absoluta e formal. Tinha, pois, de ser assim: quase inexistente e
larvar."
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